Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O deficit e o coronavirus

Sexta-feira, 13.03.20

                                                      deficit.jpg       

O deficit é uma grandeza de natureza económica.

O seu valor máximo para os países da zona euro foi arbitrariamente limitado pela EU a 3%, valor que na prática não foi observado por alguns países ricos, como por exemplo a França, e drasticamente imposto aos países pobres, como por exemplo Portugal.

A saída de Portugal do processo de deficit excessivo foi muito festejado, pondo-se em surdina uma obscena dívida pública. No entanto, se ocorrer uma crise económico-financeira semelhante à de 2008, Portugal ficará muito mal e, pelo actual comportamento das entidades governamentais, todos os acontecimentos que a anunciarão serão calados ou arrogantemente negados. “É a economia, estúpido”.

                                                   Virus.jpg                            

Vírus (do latim virus, "veneno" ou "toxina") é um agente infeccioso em geral muito perigoso para a saúde.

Tem uma estrutura extremamente pequena - 20-300 nanom (10E-9 m) de diâmetro – sendo por isso necessária a utilização de microscópios dos electrónicos para uma sua visualização.

O vírus não é considerado um organismo: é um parasita incapaz de crescer em tamanho ou de se dividir; depende das células para se multiplicar.

Fora do ambiente intracelular, o vírus é inerte. No entanto, uma vez dentro da célula, a sua capacidade de replicação é enorme: um único vírus é capaz de replicar, em poucas horas, milhares de novos vírus capazes de infectar seres vivos de todos os grupos. Os coronavírus pertencem a uma família de vírus cuja infecção afecta o sistema respiratório, Uma sua ocorrência pandémica, isto é em todos os continentes, tem desastrosas consequências economico-financeiras.

Recentemente, instalou-se uma pandemia de uma mutação do virus SARS-CoV-2 que provoca uma doença baptizada “COVID-19” (Corona-VIrus-Doença-2019) e Portugal viu-se confrontado com as suas consequências. O palavreado por cá utilizado foi confuso, contraditório e não em tempo certo. O crédulo cidadão - habituado a tal palavreado no domínio da governação económico-financeira - nunca suspeitou que tal se pudesse passar com a Saúde. Mas foi o que aconteceu.

De facto, anteontem, dia 11 de Março, era publicitado, após várias horas de reunião de órgãos consultivos da área da saúde com membros do governo, o seguinte: Só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde o que “faz sentido” e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística analisando o risco, caso a caso, situação a situação, tendo sido decidido que o fecho das escolas não é necessário e que o cidadão só tem que respeitar e confiar nas autoridades de saúde.

Estas decisões foram publicamente avalizadas pelo Sr. Primeiro Ministro, pela Srª Ministra da Saude, pela Srª Directora Geral da Saúde, pelo Sr. Director da Cruz Vermelha e pelo Conselho Nacional de Saúde Pública.  

                                       COVID em Portugal.jpg(In jornal  "Oservador"):                         

Poucas horas depois, o Governo e a Direcção Geral de Saúde deram uma volta de 180º: todos os estabelecimentos de ensino são encerrados, há uma redifinição das prioridades operacionais das forças de segurança, admite-se uma situação de emergência de saúde pública e é definido um regime de quarentena.

Porquê só agora? Porquê declarações completamente contraditórias separadas por escassas horas? Escassíssimas horas.

Será uma coincidência as garantias, de natureza económica e financeira, dadas naquele período pela EU numa invulgar videoconferência realizada horas antes com os diversos governos?

Não e é mais provável que o Governo e os seus apêndices tenham andado a  adiar o inevitável por razões que nada têm a ver com a saúde dos cidadãos.

Recearam o colapso do Sistema Nacional de Saude (subfinanciado desde o governo Passos/Portas) com uma sua imediata intervenção? Reforçaram os seus equipamentos, o seu pessoal? Não.

Ou colocaram o deficit, o cumprimento das regras da EU, a economia e as finanças públicas, acima da saúde pública?

                              Sem vergonha.jpg

E o Sr. Presidente da República tão verboroso por tudo e por nada? Calado até hoje, altura em que deu o seu total apoio às decisões governamentais. Não sei se do palácio de Belém se da sua "tenda" de Cascais para onde se refugiou (lembra-me a reacção da família real depois do sismo de 1755: abandonou o Terreiro do Paço onde se situava o palácio real (destruído) e foram instalar-se em luxuosas tendas no Alto da Ajuda, a "Real Barraca da Ajuda").

Precauções essenciais para reduzir o risco de contágio:

1 - Evite concentrações de pessoas, sejam elas sociais ou familiares.

2 - Mantenha uma distância a qualquer pessoa superior a 2,5 m.

3 - Evite o contacto com superfícies utilizadas frequentemente por outras pessoas, tais como corrimãos, maçanetas de portas, tampos de mesas, teclados, telemóveis, etc.

E ainda:

1.jpg

Receita para gel desinfectante:

  • 2/3 de uma chávena (aproximadamente 150 mililitros) de álcool etílico ou isopropílico (a 96%) ;
  • 1/3 de uma chávena (aproximadamente 75 mililitros) de gel de aloé vera;
  • 5 a 10 gotas de um óleo essencial (opcional).

Ou:

  • 2/3 de uma chávena (aproximadamente 150 mililitros) de álcool etílico ou isopropílico (a 70%) ;
  • Até 25 mililitros de gel de aloé vera;
  • 5 a 10 gotas de um óleo essencial (opcional).

 

     

 

               

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Alea às 18:15

Bengaladas nos políticos.

Sexta-feira, 13.03.20

                              images.jpeg

Quem estudar a História de Portugal apercebe-se que o nosso povo trabalha melhor com regimes políticos nos quais a autoridade não se encontra dispersa mas centrada num líder eleito para governar, por exemplo um regime presidencialista.

Não encontro melhor exemplo na nossa história do que a antítese entre o reinado de D. Sancho II e o do seu irmão D. Afonso III.

Um, preocupado com as batalhas que se impunham, delegava a sua autoridade em terceiros e estava completamente ausente dos problemas do Estado. O outro, reinou para concentrar o Poder. Um era um esforçado guerreiro, displicente com os problemas que afectavam a sua governação (guerra civil, conflito com o Papado), o outro, seu benjamim, divorciou-se da sua 1ª mulher, a condessa de Bolonha, casou com uma castelhana (daí provêm os castelos do seu estandarte, presentes nas armas e Porugal) e acabou praticamente com a guerra civil. Sempre tive simpatia por um e alergia pelo outro, embora reconheça que um foi um fraco rei e o outro, mau irmão, uns dos melhores que Portugal teve.

Mas há outros exemplos, começando logo com D. Afonso Henriques. Afastou a influência da nobreza galega, para ser rei declarou-se subdito do Papa, alargou a Norte as fronteiras de Portugal que se perderam com o desastre de Badajoz. Depois, D. Afonso III que, pelo Tratado de Badajoz (1267), integrou na coroa portuguesa o Algarve, D. Diniz que terminou com a contestação ao poder real, e que, pelo tratado de Alcanizes (1207), confirma o Algarve como território de Portugal e define as actuais fronteiras. Portugal é, desde então o país europeu com as mais antigas fronteiras. Depois, há reis que não marcaram a história pelos seus feitos e chega-se a D. João I  iniciador da presença portuguesa no norte de África com a conquista de Ceuta e pai da ínclita geração. Salta-se quase de imediato, para o grande rei D. João II (“El hombre” segundo Isabel a Católica) seguindo-se (após D. Manuel “o venturoso” das mercearias e o louco “desejado” Sebastião) a desgraça com os castelhanos Filipes.

Restabelecida a independência, os reis são ricos mas fracos até D. José I que tem um forte 1º ministro, o Marquês de Pombal que combateu a aristocracia, eliminando toda e qualquer oposição, e cuja personalidade ainda hoje, passados mais de 250 anos, é discutida entre a repulsa e a admiração. Depois, quem? D. João VI? Mais ninguém.            

Veio a República. Em 16 anos (1910-1926) houve 7 parlamentos, 8 presidentes da República, 45 governos, 40 chefias de governo. Nela, destacou-se Afonso Costa que conseguiu, como ministro das finanças, um superavit nos orçamentos de 1913-1914 e 1914-1915. Leia-se:

https://www.infopedia.pt/$situacao-economica-dificil-da-i-republica

Mais outras personalidades? Sem dúvida Sidónio Pais e Salazar.

       Discussão.jpg     

Hoje, vive-se num regime semi-presidencialista (que só o é porque os partidos receiam a existência de um presidente poderoso), um parlamento repleto de compadres, filhos, tios e sobrinhas e com gente que nunca fez nada na vida, que nunca teve profissão que merecesse esta designação e que auferem de um belíssimo salário e de diversas benesses. Desinformam com uma arrepiante iliteracia, deseducam pela ignorância e pelo exemplo, legislam no completo desconhecimento da realidade e com a preocupação de deixar marca histórica, tratam as contas do Estado com precisão imbecil, erram cálculos e construções, enganam o consumidor, atendem por favor os contribuintes. Tudo impunemente ou a esclarecer oportunamente, por uma comissão de inquérito. Há muitos boys e girls, por vezes arrogantes, descobrindo-se, depois de saírem do cargo, que alguns sofreram da praga da corrupção.

Que fazer, então, para além de impossíveis bengaladas como os camponeses dão às bestas?

Talvez:

Descentralizar, reformar o sistema eleitoral para aumentar a contribuição dos cidadãos e eliminar o monopólio dos partidos (o sistema britânico poderia ser inspiração), adoptar um sistema presidencialista (como em França e na Alemanha mas não como na Rússia de Putin).

Três passos (haveria mais) que mudariam muito o regime político garantindo a democracia e que podem ser indispensáveis para uma efectiva implementação de reformas que são tão necessárias.

Mas são necessárias algumas bengaladas.

                 bengalada-no-ministro.jpg

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Alea às 17:55