Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
O populismo na política.
Os movimentos populistas, que começam a proliferar mundo fora, são conotados pelos bem-pensantes jornalistas e políticos com a extrema direita (o que é incorrecto, como a História comprova, porque estão não só do lado direito do espectro político mas também no da esquerda) e apontados como perigosas associações.
Como o nome indica, apelam ao voto do povo, do cidadão comum descontente com o comportamento das elites políticas e revoltados pela sua indiferença quanto aos seus anseios. Sublinham que, tal como o povo, não fazem parte das élites corruptas do poder.
A existência dos coletes amarelos em França e a sua violenta oposição a Macron e à sua política é um bom exemplo do que é um movimento populista inorgânico.
No entanto, na Europa dos anos 60 já esses movimentos estavam organizados em partidos políticos e, no início do século, criou-se uma bola de neve anti-situação que conduziu alguns daqueles partidos ao sucesso eleitoral: na Grécia o Syrisa obteve 36 % dos votos em sucessivas eleições, o Ukip empurrou a Grã Bretanha para o Brexit e, em França, Marie Le Pen concorreu às eleições presidenciais obtendo 33% dos votos.
O apoio popular aos partidos populistas na Europa triplicou nestas últimas duas décadas, foi catalisado pelo colapso financeiro de 2008 e pela crise dos refugiados de 2015 e alguns dos desenvolvimentos políticos recentes mais significativos, como o referendo do Brexit em 2016 e a eleição de Donald Trump em novembro do mesmo ano, não podem ser compreendidos sem levar em conta a ascensão do populismo.
E, assim, eles aí estão com maior ou menor poder, com maior ou menor protagonismo político e amedrontando ou preocupando os cidadãos defensores do status-quo partidário.
A sua representação era em 1998, altura em que estes partidos eram apenas "um fenómeno das margens políticas", de 7% em todo o continente europeu, mas no início do século proliferaram situando-se hoje nos 25%.
Na Europa, esses partidos assumem actualmente particular relevância em Espanha, em França, na Polónia, na Hungria, na Bulgária e em Itália, havendo três países imunes à penetração das forças populistas: Letónia, Estónia e Portugal.
O fenómeno não é exclusivamente europeu. Foram eleitos “populistas” para cargos políticos em 5 das 7 maiores democracias, como a Índia, os EUA, o Brasil, o México, as Filipinas.
Os modos de governação são imutáveis? Leia-se a História: monarquia, ditadura, democracia, autocracia, houve de tudo e tudo teve na sua altura o apoio dos povos.
A democracia é a melhor forma de governo ou, de acordo com Winston Churchill, é a pior com excepção de todas as outras?
Tudo é mudança e os partidos designados como populistas são uma delas e respondem a escondidos desejos de eleitores muitos dos quais se envergonham ou têm medo de os confessar.
Para informação mais desenvolvida e detalhada consulte-se “The Guardian” de 20 Novembro 2018: