Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
O Norte, o Sul, o álcool e as mulheres.
Por cá, quando o homem abriu a boca e disse a besteira todos lhe caíram em cima, dos jornalistas aos políticos. Tudo porque a criatura, de seu nome Jeroen Dijsselbloem, acusou os europeus do Sul de gastarem o seu dinheiro "em copos e mulheres" e "depois pedirem que os ajudem". Mais correctamente: “Na crise do euro os países do Norte mostraram solidariedade para com os países do Sul. Como social-democrata, a solidariedade é para mim extremamente importante. Mas quem a pede, tem também deveres. Não posso gastar o meu dinheiro todo em bebida e mulheres e depois disso ir pedir a vossa ajuda. Este princípio vale para o nível pessoal, local, nacional e também europeu”.
Não entendo o porquê destes súbitos ataques. Não porque não sejam justificados mas por serem um "só agora". Já não é a primeira vez que a criatura é assunto de notícia. Já em 2013 teve que corrigir a sua biografia oficial apagando a referência a um falso mestrado no University College de Cork, o qual nem sequer existia, do que, aliás, na altura dei conta num "post" intitulado "Um mestre da finança europeia".
Afinal, confessou ele, tudo não tinha passado de uma mera pesquisa em negócios alimentares. O CV do presidente do Eurogrupo tinha aparentemente sofrido de uma sessão de copos. Há outra explicação? Há: o homem sofre de uma típica presunção imbecil e aldrabona.
O Norte poderia ser exemplo de austeridade não só na economia, especialidade paralela da do Jeroen, mas, sobretudo na bebida e no sexo. Afinal, é o berço da reforma. Nada disso. Convivi profissionalmente com alemães, holandeses, dinamarqueses, suecos, mas de austeridade vi pouco.
Na Holanda assisti estupefacto às vitrines de prostituição ao vivo coloridas de vermelho, em bairro específico e para tal construído (o bairro vermelho de De Wallen).
Ainda hoje existe e a sua actividade representa uns míseros 2,5 mil milhões de euros na economia do país da delicada tulipa que é o Dijsselbloem. Nele, para além de um museu do erotismo, de espectáculos daquela índole e de uma insólita loja do preservativo (Comdomerie), há "coffee shops" de droga e o museu do canábis. O consumo da droga é superior ao do queijo e está ao nível do do pão (da Reuters) que o pobre português costumava comer com uma sardinha à laia de almoço.
Em Copenhagen e em Estocolmo, capitais do Norte evoluído, com profissionais de "mão cheia", a que Portugal absolutamente nada devia no meu tempo, acabado o dia e muito principalmente a semana, as bebedeiras eram colectivas e monumentais, como nunca se assistiu no Sul. Vi eu, eles e elas de garrafa nas mãos aos bordos no meio da rua. Que era do clima e da luz. Talvez, concedo que o frio e uma quase noite permanente sejam desculpas.
Quanto a mulheres, as do Norte são, a meu ver, lindas e não só. Do Norte veio o amor livre. Livre? Libérrimo! Que o digam os homens do Sul onde não há "bairros vermelhos".
O Sul? É apenas o berço, não da reforma mas da civilização. Há mais de 1.600 anos invadido pelos bárbaros do Norte com cornos à laia de capacete e de copo.
Para além desta ninharia, pouco há a dizer do maravilhoso, quente e luminoso Sul.
Os Dijsselbloem desta Europa?