Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
Corrupção
As cabecinhas que nos governam quando chegam ao poder tiram sempre as cadeiras dos que dele saíram. Ficou tudo mal. Tudo o que eles na “brincadeira” anterior deixaram bem os “outros”, estragam, anulam, retrocedem. São meninos e meninas crescidos a brincar, a brincar connosco que assistimos a toda a espécie de desfaçatez e ouvimos as maiores barbaridades. Depois, há mais, muito mais do que brincadeiras no poder, há corrupção.
Assistimos, incrédulos, a roubos, aldrabices, falcatruas de toda a espécie, de gente que teve poder, que é importante e que poderia voltar a ser presidente disto ou daquilo sob a bandeira de um qualquer partido. Falcatruas praticadas durante anos, nas barbas de quem deveria fiscalizar e que montam a dezenas, centenas, milhares de milhões de euros.
As cadeias estão cheias de arraia miúda que roubou uns tostões, que bateu neste ou naquela, que traficou o proibido. A maltosa corrupta tem carros de alta cilindrada, aviões particulares, helicópteros pagos pelo mexilhão, vivendas de luxo, fortunas em paraísos fiscais e advogados do melhor que, mais ou menos rapidamente, os livram do castigo previsto na Lei.
A maltosa corrupta apareceu com a promiscuidade entre os mundos empresarial e político. É gentalha sem educação, deslumbrada com uma importância com que nunca sonhou e que vive numa sociedade política e económica que é o espelho delas.
A justiça é lenta com a dezena de anos como norma para a aplicação do que deveria ser logo. E há a “prova” tão difícil de ser obtida, o que se aceita; o “trânsito em julgado”; a “prescrição” que não deveria existir com tão curto prazo e graças à qual não vão presas desde que o tempo passe o suficiente; a “cumplicidade” e o “compadrio” que não envergonham; o “dinheiro” que paga tudo e todos.
Exemplos? Há tantos! São do conhecimento dos mais atentos na banca, na saúde, na justiça, no desporto: o BPP, o BPN, o BES, o BANIF, a Casa Pia, o assassinato no Brasil de uma viúva milionária, a fraudulenta venda de terrenos em Oeiras, o INEM, a “fraude do plasma” , para além dos que hão-de aparecer.
http://apodrecetuga.blogspot.pt/p/dos-crimes-de-corrupcao.html#.WGJWflz5Y2w
O polvo estende os seus tentáculos por todo o lado.
A corrupção não é nosso património exclusivo? Pois não, não é e até houve um ex-governante e actual banqueiro que teve o desplante, num programa televisivo e à laia de manifesta desculpa, de comparar Portugal com a Dinamarca apresentando como exemplo a história de uma série policial dinamarquesa. Talvez fosse interessante analisar o passado profissional da personagem.
Corrupção, impunidade e falta de vergonha estão intimamente associadas.
No antigamente isto existia com esta dimensão que a todos espanta? Não e é com revolta que se tem que o admitir. Havia a “cunha” e muito pouco mais. Hoje há a falcatrua seguida de lavagem de dinheiro no meio de um emaranhado de sofisticadas ligações só vistas numa ficção policial.
Que fazer?
Reforçar os meios humanos e materiais do sistema de justiça para que a prova seja mais rápida de obter? Reduzir os patamares de recurso? Eliminar ou aumentar os prazos de prescrição para evitar a manha saloia mas legítima de impossíveis defesas? Aumentar drasticamente as penas? Premiar a denúncia?
Possível? Suficiente?
Talvez os governos, as associações sindicais e as ordens profissionais (não só as da justiça) pudessem ajudar se lhes fosse conveniente.