Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
Beija-mão e Beijinhos.
O comportamento de Marcelo na visita de estado ao Reino Unido, no palácio de Buckingham, e na recepção aos reis de Espanha, no Porto, teve pormenores elucidativos de uma personalidade.
Ele pode ser incomodativamente subserviente ou desavergonhadamente familiar ou auto elogioso. Será como lhe for melhor ou, na altura, o que lhe for conveniente e será o resultado de como ele de facto é porque, como dizem os franceses, “chassez le naturel il revient au galop”.
Como foi com sua majestade britânica?
https://www.youtube.com/watch?v=MXVgQspOWUg
Marcelo, afastado de Isabel, como deve ser protocolarmente e mandam as regras da boa-educação, beijou a mão que lhe foi estendida. Depois, informou, que quando da 1ª visita de Isabel a Portugal ele era uma criança com oito anos e que, para vê-la, estava na 1ª fila do Terreiro do Paço. Isabel riu-se e pareceu encantada com o menino grande e a sua divertida conversa.
No limite do infantil ridículo.
Eu, lisboeta, não sei o que é a primeira fila daquela belíssima praça e não acredito que a criança estivesse sentada na tribuna reservada às personalidades. Julgo, também, que naqueles tempos as criancinhas não agitavam bandeiras nacionais, como hoje, porque se assim fosse Marcelo certamente não se teria esquecido de referir que o tinha feito.
Só me lembro de Craveiro Lopes com um bicorne de gala emplumado e no coche ao lado de uma muito jovem rainha. Claro que também me recordo da exclamação do “Ó Isabel olha o relógio” que muito rapidamente se tornou popular.
Passados poucos dias, os reis de Espanha iniciam uma visita de estado a Portugal.
Ele Felipe VI não é um espanhol de velha estirpe mas um Bourbon, descendente de Philipe duque de Anjou, neto de Luís XIV de França que seria o futuro Felipe V de Espanha (Versailles 1683-Madrid 1746).
O rei teve um muito afável, amigo e exemplar comportamento. Embora homenageando D. Afonso Henriques ignorou, em Guimarães, o marco histórico ligado aos duques de Bragança cujo palácio era propriedade do rei D. João IV, grande de Espanha mas chefe dos que promoveram a independência de Portugal rejeitando Felipe IV (casa de Hasbourg).
Assim, a sucessão recente de reis Felipes em Espanha pode traduzir-se sumariamente por Felipe IV que continuou a arruinar Portugal, Felipe V que iniciou em Espanha uma dinastia de raíz francesa e Felipe VI que nesta sua visita revelou sair aos seus, com avós e pai muito amigos de Portugal.
Letícia? Muito reservada, em 2º plano e afastada dos acontecimentos. Marcelo, puxou-lhe pelo braço e depois, familiarmente, ferrou-lhe dois beijinhos como o Paulinho nas feiras.
Mal, muito mal.
Marcelo não abraçou, e bem, Felipe VI, nem o tratou por “pá”.
Marcelo lembrou em castelhano ao rei de Espanha a antiga amizade que une os dois países, (o que historicamente é uma fantasia, ontem e hoje) e não se lembrou, felizmente, de o condecorar com a ordem militar de Avis.
Sugiro que a visita dos reis de Espanha seja prolongada por um dia. Que termine no final de 5ª feira, dia 1 de Dezembro.
E Marcelo continua o seu caminho. Tem hoje 97% de popularidade mas até quando? Se continuar a falar publicamente comentando tudo e nada qualquer dia ainda se espeta.
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Trapalhadas e Trumpalhadas
“Portugal está claramente a deixar a crise económica para trás (...) está a recuperar, está a reformar, a Comissão Europeia estará ao seu lado neste caminho “ (Pierre Moscovici, Comissário Europeu dos Assuntos Económicos).
“Portugal está a mudar, eu sempre disse que era uma mudança lenta, demorava tempo e não era igual para todos, mas que está a mudar, está a mudar” (Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República).
Um já manifestou muito recentemente dúvidas em contrário quando da questão dos fundos estruturais e da aplicação de sanções resultantes da situação económica portuguesa.
O outro, o “sempre disse”, o “eu não dizia?”, o “fala sobre tudo e sobre nada” incapaz de se manter calado, colocou galões de especialista em economia ao lado dos de reputado jurista (que é) quando se pronunciou sobre a legalidade/constitucionalidade das condições que rodeiam a nomeação dos administradores da CGD.
Mas o importante seria ter indicadores auditados, consistentes e seguros de uma recuperação económica num cenário financeiro de enorme dívida (224.000 milhões de euros em Setembro deste ano, cerca de 130% do PIB, a 3ª pior percentagem da Europa e a 5ª pior do Mundo):
http://pt.tradingeconomics.com/country-list/government-debt-to-gdp
e com juros que são os piores da Europa (3,25% versus 1,13% em Espanha e 1,29% em Itália, por exemplo).
Depois, as cabeças luminosas deste país (economistas, políticos, entre outros) dizem que sim, dizem que não, e a estratégia fica-se em negociações partidárias que continuem a garantir a viabilidade governamental.
Veja-se, como exemplo as questões que mais aqueceram o debate parlamentar (para lamentar seria o termo mais correcto): abordados princípios consistentes de uma estratégia económico-financeira? Não, nada de relevante ou de proactivo. Claro que não foram esquecidas as cruciais questões do aumento das pensões mínimas (que dá vontade de chorar) e do salário mínimo.
A tudo isto as manadas assistem envergonhadas e caladas ou triunfantes e exultantes, conforme as conveniências, mas “mainada”.
O teatro que envolve a CGD é outra trapalhada com segredos, mentiras e desavergonhadices.
E não vou referir-me aos “futeboleses” que monopolizam até à nausea a programação televisiva noticiosa, todos os dias, às mesmas horas.
Mas não é só por cá que o estupor e os estupores imperam.
No democrático EUA aconteceu o considerado improvável pelas sondagens: a odiada Hilary, embora tenha recolhido mais 2 milhões de votos, perdeu em número de representantes democratas (232) e o seu opositor republicano, com a nomeação de mais 74 representantes republicanos (306), será o próximo Presidente dos EUA. O seu ideário expresso na campanha eleitoral é verdadeiramente preocupante, tanto no que respeita à política interna como externa.
Já nomeou o senador Jeff Sessions, responsável pela deportação de imigrantes ilegais e por legislação antimuçulmana, para procurador-geral; nomeou outro declarado opositor do Islão como novo conselheiro de segurança nacional (Michael Flynn, um general de três estrelas); nomeou como novo director da CIA um membro do Tea Party, de seu nome Michael Pompeo; como seu conselheiro aparece um Stephen Bannon, responsável pelo “site” Breibart News defensor da supremacia branca. Tem, como seria de esperar o apoio da KKK.
Isto é o que sabe de certo porque boatos houve muitos, desde uma nomeação da imbecil Sarah Palin até a uma nepótica invasão (filhos e genro) dos vários gabinetes governamentais. Avizinham-se trumpalhadas.
Aqui trapalhadas, lá trumpalhadas. Mas que trampalhada.
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"Obrigado" e o seu a seu dono.
Recebi esta semana um mail com um vídeo do ex-candidato presidencial Prof. Sampaio da Nóvoa sobre a gratidão https://www.youtube.com/watch?v=saEanT_xc5g no âmbito de uma sessão de agradecimento aos seus colegas brasileiros.
Desconhecia o tema, em particular o “Tratado da Gratidão” (mais correctamente “Suma Teológica” pelo que aprendi) de S. Tomaz de Aquino, e fiquei maravilhado, não só com os “níveis” da gratidão mas, também, com a cultura do Professor o qual, no início da sua intervenção dá a entender, com modéstia, que seria tema do conhecimento da assistência.
Resolvi consultar a Net e descobri com estupefacção que tratando-se do que consta num tratado religioso não passa, também e muito explicitamente, de um plágio de um texto do Prof. Jean Lauand da Universidade de S. Paulo. “Ipsis verbis”. www.jeanlauand.com/AntonioNovoa.html
Este académico publicou em 1998 (nº 1 da revista “Notandum”) o que Sampaio da Nóvoa declamou em 2014 e, novamente, em 2005 (nº 2 da revista “Língua Portuguesa” - “A gratidão inscrita na língua”). É uma desfaçatez, indigna das altas qualificações do ex-candidato a Presidente da República de Portugal.
Para quem prefira prescindir de uma consulta mais aprofundada, aqui deixo o resumo dos três níveis de gratidão e a sua correspondência nas línguas europeias.
- O nível mais superficial é de natureza cognitiva (intelectual) e corresponde ao reconhecimento (ut recognoscat) do benefício recebido. Em inglês é o “thank you” (interessante seria relacionar o “thank” com o “think”) e em alemão é o “zu danken”.
- O nível intermédio a gratidão traduz-se por louvar e dar graças (ut gratias agat). Em francês é o “merci”, em castelhano o “gracias” e em italiano o “grazie”.
- O nível mais profundo é a gratidão na forma de vínculo, de comprometimento, do dever de retribuir . A língua portuguesa é a única que isso exprime com a palavra “obrigado” (ob-ligatus).
À única palavra única, só nossa, “saudade” veio unir-se outra tão bela como aquela: “obrigado”.
O discurso do Professor António da Nóvoa aos seus colegas brasileiros, por não citar a sua verdadeira fonte (oriunda, imagine-se de um colega!) é, repito, uma vergonha para um académico. Mas, como não me tenho cansado de repetir, o desconhecimento da ética, o desprezo por esta é um mal geral que, aparentemente, não poupa sequer os que por profissão e formação deveriam conhecer a importância da referência das fontes do seu saber.
Aqui fica um castigo ao professor:
Escreva, menino feio, 100 vezes no quadro preto: “O seu a seu dono. Não volto a plagiar”.
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