Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
O maralhal
Recebo com alguma frequência mails de amigos e de meus familiares franceses sobre as asneiras do PR francês François Hollande. Não é de admirar. No entanto, não recebo semelhantes missivas sobre o PR de cá dos meus amigos e conhecidos de cá, quase todos apoiantes desta direita fundamentalista. Também não é de admirar.
Contrariamente à esquerda (sem credível liderança) que conseguiu ao fim de 40 anos acordar (muito fragilmente) num mínimo de questões para a viabilização parlamentar de um governo do PS, a direita tem a inteligência de se agrupar para a defesa de um presidente que manifestamente está gaga no despudorado apoio ao governo do Passos Rabbit e para o apoio de uma candidatura presidencial protagonizada por um académico sério, inteligente, que de política não precisa de lições mas que não tem, na minha opinião, pelo seu modo de estar, perfil para desempenhar o cargo de mais alto magistrado da nação. Vai ganhar à 1ª volta.
A gaguice do PR é manifesta por actos, omissões e palavras e se estes não se devem a senilidade, pior porque só justificáveis por interesses pessoais e institucionais. Ele não tem dúvidas e raras vezes se engana (presunção). Estuda tudinho tudinho, sabe logo qual a solução e depois fica imobilizado pela gaguês e pelo vacilante convencimento. Lembra-me a fábula do sapo e do boi: tanto inchou que acabou por rebentar.
Quanto ao ex-governo, depois de ter declarado que a solução encontrada para o BPN não traria qualquer despesa para o contribuinte, os resultados dos testes de stress levados a efeito pelo BCE traduzem-se na necessidade de uma injecção de capital da ordem dos 1.400 milhões de euros. Pergunta-se: quem vai pagar?
Depois de um processo muito pouco transparente, a TAP foi privatizada. O contrato foi assinado por um governo demitido e hoje tem-se conhecimento que, segundo o clausulado contratual, o Estado assume o risco da enorme dívida da empresa não ser aos bancos. Se assim for, uma eventual reversão da venda na figura de uma nacionalização trará outros custos. Pergunta-se: quem irá pagar?
A promessa da coligação PSD/CDS de devolução da sobretaxa do IRS era de 35% antes das eleições, passou para 9% duas semanas depois das eleições e é hoje de 0%. Manifesto embuste eleitoral com manipulação das contas públicas. Interrogado sobre esta questão na sua última entrevista à RTP, Passos Rabbit respondeu (imperturbável na sua costumada mentira) que era matéria da responsabilidade da Autoridade Tributária, que só no final do ano é possível uma estimativa do valor da devolução e que não tinha elementos para uma resposta mais detalhada. Pergunta-se: de quem é a responsabilidade deste êrro, desta nova mentira? Do governo? Nunca. Provavelmente da mulher-a-dias ou do porteiro do Ministério das Finanças.
Este é o maralhal que governa portugal: gagás, negociatas no limite da fraude, convictos mentirosos.
Portugal viveu assim nestes últimos anos: mentiras e promessas não cumpridas.
Infelizmente a saga não terminou com a prisão do superpinóquio. Num almoço (25 euros por cabeça) de homenagem (!) a criatura reuniu no passado Domingo mais de 500 apoiantes (estiveram na fila desde as 10h da manhã para garantia de um lugar) dos quais se destacaram, para além de antigos ministros, os “senadores” M. Soares e Almeida Santos. Lindo.
Com o ex-governo a situação melhorou? Com algumas dúvidas e excluindo o aspecto social diria que sim. Solidamente? Receio bem que não e que seja infelizmente uma situação transitória que nunca será assumida pela dupla Pedro/Paulo.
Um próximo governo, seja ele qual for, faria bem em mandar efectuar auditorias para que o país em geral e os contribuintes em particular soubessem o verdadeiro estado em que o governo do Rabbit, com a benção do Sr. Silva, deixou o país.
Problemas e interrogações não faltam.
Passou o tempo e a idade infantil dos papões: nunca haverá outro PREC e as criancinhas já não se deixam comer como a direita extrema não se cansa de figurativa e pateticamente apregoar. O que vai continuar é o maralhal que só pensa no dele.
Nem cinco Salazares endireitariam isto (nunca pensei desejar– mesmo que só por desespero- um seu regresso).
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A Besta e a Guerra de hoje
“Em três séculos de progresso, os povos do Ocidente realizaram quatro “feitos”: ser egoísta, matar outros, ter pouca integridade e ter pouca-vergonha”.
Em 1970 comprei a tradução brasileira de um livro que é, segundo o prefácio do autor, “uma estrutura para a especulação”. O livro tem como título “O Ano 2000”, os seus autores são Herman Kahn e Antthony J. Wiener e foi editado em Julho de 1967. Das suas 508 páginas detive-me, sobretudo, nos capítulos respeitantes à ciência e tecnologia e às possibilidades e natureza das guerras.
Reli partes do livro em 1990 quando da reunificação da Alemanha, em 2003 por causa da situação no Médio-Oriente em geral e no Iraque em particular e, mais recentemente, pelo deflagrar do terrorismo na Europa Ocidental.
Fiz uma avaliação das previsões feitas por Kahn e Wiener há quase 50 anos. Considero notável o resultado: 30% das “especulações” revelaram-se correctas.
Passo a apontar, pela sua actualidade, algumas daquelas previsões.
- “Será que a organização mundial acarretará o fim das guerras ou, pelo contrário, produzirá uma série variada de guerras civis mais mortíferas, em extensão e âmbito, em consequência da maior eficácia das armas, do automático envolvimento do mundo todo e da confusão que resultará da falta de organização territorial?
- “Parece bem provável um regresso à guerra limitada e um recuo em relação à guerra total” (…). “O Mundo será perturbado e violento mas não ocorrerá nenhuma guerra central” (que se traduz por uma vasta guerra entre grandes potências envolvendo os respectivos territórios) (…). A ausência de uma guerra internacional não significará uma ausência de conflitos ou de violência. (…). Ocorrerão oportunidades para assassínios, sabotagem, terror e subversão, mas tudo será tolerável por comparação com uma guerra nuclear.”
- ” O terceiro mundo será em grande parte política e militarmente impotente ao passo que as instituições internacionais serão utilizadas para preservar o status quo conveniente às potências industriais”.
- “O terceiro mundo poderá ser de novo desmantelado por pressões externas (...)”.
- “Poderá haver um colapso de algumas nações com nova intervenção “neocolonialista” para restaurar a ordem, efectuadas pelas maiores potências ou por agentes secundários”.
“E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta (...).
Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? (...) e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação.
(...) Se alguém tem ouvidos, ouça.
(...) Se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. (...).
Apocalipse 13:1-18
Comentários para quê?
Factos muitos:
O tráfego de humanos por bestas, a compra de petróleo à Besta por bestas (40 milhões de dólares por mês. A organização produzirá tanto crude como o Qatar, o Equador e a Líbia juntos e quase tanto como Angola ou a Nigéria, que é o maior produtor de África.) e não só (**). O fornecimento de armas à Besta por bestas, as conveniências de grandes potências, a proliferação de guerras civis mortíferas, a incompetência de governos e de organizações internacionais, o matar muito, a falta de vergonha.
Tudo previsto há 50 anos como “especulações” prováveis.
Estamos em guerra com a Besta e com as bestas / “agentes secundários”.
“Quem tem ouvidos que oiça”.
“Necessário é que…”.
(**) http://visao.sapo.pt/actualidade/economia/2015-11-18-A-economia-da-jihad
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A Ética hoje
Hoje em dia, nos órgãos de comunicação social, a palavra "ética" é raras vezes utilizada na caracterização de comportamentos objecto de crítica social ou de acções judiciais, como sejam, por exemplo, na justiça, na política, no desporto, nas finanças, na medecina. Porquê? Será por medo do peso da palavra e das consequências de uma sua utilização?
Pode dizer-se que a ética (do grego "ethos" que significa "caracter") é o conjunto de valores que induz um procedimento em conformidade com as normas sociais e com os princípios morais definidos pela sociedade onde se vive.
A ética reconhece-se quando é vista e, quando tudo parece igual, é ela que faz a diferença. Na avaliação de um comportamento, a importância do preto e do branco é menor e os cinzentos revelam-se dominantes quando realçados pela ética.
No fundo, ou se tem ou não se tem ética porque não há como no passado um seu ensino informal. A ética deixou de fazer parte da educação na família, na escola, na profissão, embora a sua falta tenha consequências não só no domínio da justiça mas, também, na reputação dado que a ausência de ética é reconhecida, registada, lembrada e inapagável no futuro.
A ética é ignorada para proveito pessoal, seja ele financeiro, de prestígio social ou de promoção profissional.
Exemplos recentes? As falcatruas no sistema financeiro português; o rosário de mentiras, corrupção, compadrio e nepotismo nas acções e comportamentos políticos; as falsificações industriais como é o caso da fraude das emissões poluentes dos automóveis; os escândalos nas mais altas instâncias do desporto; a displicência mortal e criminosa de alguns agentes da medecina.
Curiosamente, a prática dos princípios da “ética” manteve-se praticamente inalterada até meados do século XX.
A própria guerra tinha até ao século XIX regras de ética que nos dias de hoje seriam consideradas imbecis e justificativas da derrota. Era o “cavalheirismo” elevado à sua máxima potência: ou a vida ou a morte mas com honra (outra noção desconhecida ou muito difusa nos tempos de agora).
Nos tempos que correm, os códigos de ética (que, por exemplo, existem estatutariamente nas ordens profissionaia) são ignorados e quanto menos ética houver melhor. As tarefas tornam-se mais fáceis, mais rápidas, mais convenientes para as partes envolvidas e maiores serão os resultantes lucros. A procura do lucro é soberana, não olha a meios mas tem medo da palavra "ética" e, por isso, manda que ignorem. A procura do lucro é soberana, não olha a meios mas tem medo da palavra "ética" e, por isso, manda que a ignorem.
Interroguem por aí o que é a ética.
Não me admiraria que uma resposta fosse sorridentemente:
“é quê?”.