Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
Os fanáticos
Ultimamente há uma invasão de “mails” pró e contras “Passos/Paulo” versus A. Costa, desde montagens fotográficas a convenientes lembranças do passado.
Interessante é uma comparação entre os fanáticos comentadores do futebol e a maioria dos políticos.
As suas falas são igualmente uma mistura de cegueira, de facciosismo, de mentira, de hipocrisia e de manipulação dos factos.
Ainda ontem assisti incrédulo aos insultos, aos gritos de fanáticos sportinguistas e benfiquistas nos programas desportivos dos canais televisivos de informação. Nem queria acreditar no comportamento daquelas personalidades cegas pela “clubite”! Porque o árbitro assim e assado. “Cale-se, não me interrompa”. “Mentira, mentira”. “Agora sou eu que falo”. Etecetera. Uma falta de vergonha.
O pior é que o cidadão não tem alternativa para onde se virar. As gritarias e os insultos continuam de canal informativo para canal informativo, dedicados no mesmo horário àquele ópio; duas ou mais vezes por semana.
Na política não é bem o mesmo porque a introdução é sempre laudatória: “tenho a maior cordialidade e o maior respeito intelectual por si, mas...” e seguem-se insinuações e acusações mais ou menos educadas. Uma falta de pudor.
E nós, os que pagamos aquilo tudo, não podemos alterar nada excepto com eventuais manifestações (com inevitavel associação parola à perigosa esquerda) ou desligando a televisão e perder, assim, o que a actualidade tem de interessante.
Parem com isso, parem com mentiras e insultos. Parem.
O mais grave é que o problema não é o de saber se o pontapé nas partes baixas do jogador fulano teria que merecer um cartão amarelo ou não (para mim e naquela região seria vermelho), o problema não está no futebol e nas suas patéticas misérias, o problema está sobretudo e imperdoavelmente na política e na governação, nas mentiras e enganos dos partidos do “arco da governação” antes e depois das eleições.
Isto sim é grave e mereceria uma drástica legislação que conduzisse ao saneamento da vida política nacional a qual, há muitos anos, é uma autêntica pornográfica mistura de interesses pessoais e “institucionais”, nomeadamente com a finança e a maçonaria.
Não? Relembrem Costa e as suas declarações sobre o BE no programa “Quadratura do Círculo”. Não? Relembrem as promessas eleitorais de Passos Coelho nas eleições de 2011, quanto a salários e pensões. Não? Relembrem as promessas de anteontem da coligação PáF (termo que lembra sonoramente “estalada”) quanto à redução da sobretaxa do IRS que, num só mês, se reduziu de 35.3% (antes eleições) para 9,7% (pós eleições). “Que é porque isto e por aquilo,...que a culpa é de...e não de...”.
Pois, fala que "minstróis".
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Fado e fadas
A palavra “ fado” vem do latim “fatum”, ou seja destino.
Esta sua raíz etimológica é a mesma de “fada”, ser mitológico. Têm o mesmo número de letras, as mesmas consoante e as mesmas duas vogais.
Em Portugal, fadas houve poucas, mau grado a nossa raíz celta, mas podem destacar-se, pelas suas acções, a raínha Isabel de Aragão (que sarcastica e santamente alumiava o caminho - dai a designação de Lumiar - das escapadelas do marido D. Dinis às freiras de Odivelas) que evitou uma guerra civil, Filipa de Lencastre mãe da “ínclita” geração, D. Catarina de Austria regente e avó protectora do louco D. Sebastião mas que não conseguiu evitar o morticínio africano por oposição de subservientes e irresponsáveis cortezãos e D. Luísa de Gusmão mulher do timorato D. João IV sem cujo incentivo não teria havido a independência dos castelhanos filipes.
Quanto a fados, a história portuguesa é ela mesmo um fado que começou com D. Henrique de Borgonha no século XI.
O fado conduziu ao actual território de Portugal.
Inicialmente, era um condado entre o rio Douro e o rio Minho. Posteriormente, alargou-se até ao rio Mondego (Coimbra foi a capital de Portugal até 1255, ano em que D. Afonso III mudou a capital para Lisboa) e a norte prolongou-se efemeramente para além do rio Minho pela actual Galiza (ela sim nossa irmã, pelo povo e pela língua) até ao desastre de Badajóz.
Para sul, D. Afonso III conseguiu incluir, com o tratado de Badajóz (1267), o reino do Algarve no reino de Portugal.
O nosso território dá forma a uma nação com as mais antigas fronteiras na Europa pelo tratado de Alcanizes (1297) entre el-rei D. Dinis e D.Fernando IV de Castela.
Houve, também maus fados:
O desastre de Badajóz, a guerra civil entre D. Sancho II e o seu irmão D. Afonso III, o fatal embeiçamento de Fernando “o Formoso” pela belíssima Leonor de Teles, a bancarrota do beato D.João III, a catástrofe de Alcácer Quibir, a perda da independência com o desgraçado domínio dos filipes castelhanos, as invasões napoleónicas, a guerra civil entre os irmãos Pedro e Miguel, as trapalhadas do final da monarquia, as barbaridades da revolução republicana, o PREC, os actuais agentes políticos e as suas redes de interesses.
Vem tudo isto a propósito da actualidade política portuguesa que só o toque de uma varinha mágica teria o poder de alterar um desolador fado.
O Sr. Silva, garante do regular funcionamento das instituições democráticas, nas justificações que apresentou no passado dia 21 de Outubro sobre a nomeação do primeiro-ministro (decisão em si sem qualquer contestação e correcta mas que prescindia de quaisquer comentários) deitou petróleo na fogueira ostracizando cerca de um milhão de eleitores que votaram em partidos da esquerda e que estão para além do denominado “arco da governação”.
Caracterizou facciosamente e no limite da correcção política partidos da esquerda, excedeu os seus poderes constitucionais ao criticar programas partidários, apelou irresponsavelmente à violação da disciplina de voto no parlamento, acentuou as existentes fracturas partidárias e acordou preocupações de um exterior “adormecido” sobre o futuro de uma governabilidade à esquerda a qual, aliás, nem sequer é novidade na Europa de hoje e de ontem.
Saíu-lhe o tiro pela culatra com o “toque a reunir” de toda a oposição, de que foi prova, logo no dia seguinte, a derrota dos partidos da direita com a eleição do Presidente da Assembleia da República, segunda figura do Estado, na pessoa de um dirigente do PS que obteve por voto secreto o apoio de 120 dos 122 deputados da esquerda (dois votos em branco).
Com este fado e sem fadas, ó Bordalo, ó Bordalo, que falta fazem os teus desenhos para abrir os olhinhos à malta.
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O camarada Arnaldo
Arnaldo Matos o “Grande educador da classe operária” (personagem política exemplo de corajem, seriedade e coerência política), preso pelo COPCON em Caxias após o 25 de Abril, reapareceu agora.
Tenho dele viva memória dos tempos do PREC.
E o que vem agora decidir e declarar o camarada Arnaldo?
Decidiu (ele não, claro, os órgãos do partido) suspender Garcia Pereira e outros pelos maus resultados eleitorais do MRPP.
Que diz ele (assinado no editorial do passado dia 11 de Outubro do “Luta Popular”?
Que:
“(...) o mentecapto presidente da república, que nos calhou ter em sorte nesta altura, bloqueia a norma do nº 1 do artº 187º da Constituição da República e está a sabotar a formação do governo que haverá de sair da assembleia eleita (...) Assim, já se passaram oito dias, e o palonso que temos em Belém nem sequer começou ainda a ouvir os partidos representados na Assembleia da República, nem nomeou ainda o primeiro-ministro, tendo em conta, como o reclama a norma constitucional, os resultados eleitorais.
(...) Cavaco vai para a rua, com a condecoração popular de indecente e má figura (...) e, se calhar, julga poder passar estes cinco meses que lhe faltam para ir pentear macacos a inventar pretextos para impor ao país um governo de maioria absoluta, juntando na mesma cama Passos, Portas e Costa, o que, diga-se de passagem e sem réstia de homofobia, é pouca mulher para tanto homem.
(...) Política de esquerda esta? Isto não é política de esquerda. Isto é tudo um putedo!”
http://lutapopularonline.org/index.php/editorial/1767-a-classe-operaria-e-o-momento-politico-actual
Uma delícia.
Não saboreiam apenas: isto é tudo, de facto, um p..., termo que, embora não figure no dicionário da Academia das Ciências, tem entendimento bastante claro e que se ajusta perfeitamente e há anos à situação política portuguesa e aos seus principais protagonistas.