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OxiNai

Sábado, 04.07.15
 
 

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Como as línguas são!
Para mim, falante português, “oxi” está mais perto de “sim” e “nai” mais perto de “não”. Acontece que é exactamente ao contrário e há quem “corte o braço direito”, como declarou o bravo ministro das finanças gregas, se o resultado do referendo for “nai” ou seja sim.
Mas o assunto é sério, para a Europa, para o euro, para nós Portugal.
Na Grécia, há quem vá votar “oxi” por raiva (o que é mau) e há quem vá votar “nai” (melhor para os credores da Grécia) porque julga ser um sim à Europa, que de solidária nada tem e que anda ao sabor da vontade da Alemanha e das instituições financeiras internacionais (FMI, BCE e incógnitos colaterais).
Recue-se no tempo e duas pertinentes interrogações aparecem: porque é que a Grã-bretanha ficou fora do euro? Porque é que a Dinamarca tem um estatuto especial na União Europeia após ter referendado o tratado de Maastricht?
Porquê?
Porque a sabedoria popular é sabedoria na sua mais pura forma e que nem todos os povos têm governos a essa exigente altura.
Portugal? Não sufragou absolutamente nada: “cala-te e come” porque “Nós” somos quem percebe estes complicados assuntos.
Foi assim que o governo da altura (1992) tratou o cidadão português. Depois, em 1999, o governo português encheu orgulhosamente o peito e decretou a entrada na zona euro com um escudo superinflaccionado. Referendo? Novamente “nicles batatóides”. Como sempre os “crânios” decidiram e o “mexilhão” amochou.
O português revelou ser nessas alturas um povo de brandos costumes o que é no mínimo estranho, consideradas a persistente “grevomania”, a reivindicação política bem pensante, etc que hoje nos assolam por tudo e por nada. São, por exemplo, a política das privatizações, os espoliados do BES, a violência machista (sic), os escândalos da classe política, os direitos disto e daquilo, daquele e do outro. Tudo barulhento e mais do que legítimo, mas quanto à posição de Portugal na Europa “nicles”, excepto a nossa constante e louvável condição de “bom aluno que faz os trabalhos de casa”.
Seremos um povo brando? Há muitos momentos da História que provam que não.
Exemplos? A guerra civil no tempo de D. Sancho II, Pedro “O cru”, a revolução de 1385 e o povo matando os soldados-ladrões ingleses, os assassinatos mandados pelo glorioso D. João II, Afonso de Albuquerque nos mares da Índia, Fernão de Magalhães na sua esquadra ladeando a América do Sul e na Indonésia, o povo revoltado contra o domínio castelhano, a guerrilha contra as tropas de Napoleão que teve que cá vir três vezes, as guerras liberais entre os manos Miguel e Pedro, as mortandades que acompanharam a implantação da República. É pouco? Poderá ser mas prova de “brandos costumes” é que não é certamente.
Os portugueses aguentam até certo ponto e o ponto é que não se sabe até que ponto (esta coisa do “oxi” e do “nai” baralha o meu vocabulário e obriga-me a repetições).
Ox…alá (que significa resumidamente “sim” à vontade de Deus) que o governo e o povo grego (a que a humanidade deve tanto) não seja “naí…f” (ingénuo). O “Oxi” e o “Nai” são decisões do povo grego e que os gregos decidirão democraticamente por referendo. È uma decisão vital, embora não original e pessimamente tardia.
No que se refere à Europa (integração sem condições na U.E, adesão ao euro, aprovação do Memorando da Troika), nada foi feito em Portugal (embora sem constrangimentos de tempo) passando-se um atestado de menoridade ao seu povo dirigido por infantis (já estou como a Lagarde) e incompetentes “iluminarias” (tenho a estranha sensação que o infantilismo e a incompetência têm aumentado com o tempo).

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Na actual situação grega, houve de um lado prepotência, altivez e desrespeito, mas do outro houve rancor ideológico, inexperiência e voluntarismo infantil e cinco anos de austeridade destruíram a Grécia.

 

 

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