Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
As décimas
Hoje somos invadidos por percentagens de natureza económica, social, política. As previsões dos números do deficit são variáveis desde os do governo, aos do FMI passando pelos do Instituto Nacional de Estatística e dos do BCE. O mesmo acontece com a percentagem da população desempregada, do PIB, das exportações, do consumo, da dívida, etc.
Tudo estaria “bem” se fossem números de grandeza significativamente diferente, mas não. Diferem uns dos outros por décimas. Eu bem sei que décimas da grandeza do Universo é um universo mas não é o caso e é vê-los defendendo essas décimas com o universo da razão na barriga e com sorrisos próprios dos génios da economia, das finanças, da política.
Quando dava aulas de estruturas na Universidade e me eram apresentados resultados com centésimas e milésimas os meus alunos ficavam admirados quando eu os interrogava (e os reprovava por essa falta de bom-senso própria da ignorância) sobre a certeza que os animava na apresentação dos resultados.
Dizia-lhes invariavelmente: “Quanto é que pesa?” e face a uma resposta com um olhar perdido e espantado completava “depois ou antes do almoço?”. Tentava transmitir-lhes o bom-senso que deve estar na base de qualquer resultado, seja ele de resistência dos materiais, das finanças ou da economia.
Previsões e resultados devem ser regidos por “números redondos” mas os políticos vomitam números com uma precisão à décima para comprovar ou reprovar a bondade das suas medidas, sobretudo em período eleitoral.
Que diferença fazem umas miseráveis décimas nos vários números políticos (porque na realidade é esta a natureza desses números) no desemprego, no crescimento económico, nas exportações, no deficit, nas sondagens de opinião? Muito pouca ou nenhuma.
Dizem que Portugal para crescer, para reduzir o desemprego, necessita de um crescimento económico de 2% (ou será 1,8% ou 2,2%?). Atrevo-me a ultrapassar não só as décimas mas, neste caso, o número redondo 2. Mas eles sabem mas calam que aquele objectivo é inantingível mesmo no médio prazo.
Daqui a um, dois, anos voltaremos à "estaca zero" mas com muitas mais "décimas". Vai uma aposta?
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Capado por macete
Sentença do Juíz de Direito de Porto da Folha Sergipe de 1833:
http://www.conjur.com.br/2002-ago-03/decisao_1833_manda_castrar_homem_atrevimento
Por cá e passados mais de 180 anos, o Governo português elaborou lei para que seja pública a lista de pedófilos condenados. Para protecção das crianças (menores de 16 anos).
No Mundo e na Europa em particular alguns países promulgaram leis semelhantes mas tenho sérias dúvidas sobre a eficácia e, sobretudo, sobre a bondade de uma medida deste tipo quando na ausência de uma fiscalização da sua aplicação pelo poder judicial.
Capado por cacete ou perseguido ad aeternum por desconfiança ou por justiça popular?
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Leonor de Aquitânea
De onde vem o nome Guiana para um território da América do Sul?
De onde vem a dinastia dos Plantagenetas, com um papel tão marcante nas histórias da França e da Inglaterra?
A mulher teve e tem um papel determinante na História do Mundo e a questão da “paridade” política na Europa Ocidental, auto designada como “mãe de todos os progressos”, é, na minha opinião, pertinente mas de lenta solução legislativa.
Na história do Mundo não se devem esquecer as dominantes e implacáveis mulheres do sultanato otomano e, também, outras ao longo dos séculos que marcaram até hoje a História da Humanidade (Helena de Tróia, Zenóbia raínha do Império de Palmira, Cleópatra raínha do Egipto, Aurélia mãe Júlio César, Lívia mulher do imperador Augusto, Maria Madalena díscípula preferida de Jesus, Helena mãe do imperador Constantino, Leonor de Aquitânea, Catarina de Medicis, Catarina da Rússia, Victória de Inglaterra, etc.).
Hoje o problema reside na "mulher-comum" a qual é claramente discriminada desde o salário aos cargos de chefia.
Passando por cima de mulheres menores, tais como as muito referidas nos tempos de hoje Mrs. Tatcher ou frau Ângela Merkle (e menores porque na História do Mundo de amanhã nem sequer ocuparão uma nota de roda-pé), veja-se quem foi uma mulher do século XII que marcou a história do seu tempo e cujo nome ainda hoje ressoa: Leonor da Aquitânea.
A Aquitânia (“terra das águas”), também conhecida por Guiana (deformação do nome introduzida pelos ingleses durante o seu domínio), localiza-se na zona sudoeste da França, inclui os actuais departamentos de Dordogne, Gironde, Landes e Lot e tem como principais cidades Bordéus, Pau e Bayonne.
César, nos seus escritos sobre a guerra na Gália, considerava aquele território como distinto do da Gália. Sob o Império, a província romana da Aquitânia estendia-se muito para o norte e, ao invés, as regiões meridionais foram durante o tempo de Trajano dela separadas constituindo a província de “Novem Populania”, correspondente aproximadamente à actual Gasconha (os “vascones” - os bascos - eram uma das tribos da província da Aquitânia romana).
A Aquitânia visigótica (412-413) foi integrada, como território federado, em 418, no império romano do Ocidente (queda em 476).
A Aquitânia franca resultou da conquista aos visigodos. Clóvis derrotou na batalha de Vouillé o rei Alarico II.
Em 671, o duque Loup de Gascogne declara a independência da Aquitânia do reino franco. Em 732, Carlos Magno integra novamente o território no reino franco, criando, para o seu filho Luís, o reino da Aquitânia com capital em Toulouse.
Em 877, o reino da Aquitânia decompõe-se em dois ducados: o da Gasconha (ao sul do rio Garona) e o da Aquitânia (mais tarde designado por Guiana – Guyenne-) com capital em Bordéus.
Em 1058 os dois ducados reunificam-se.
Em 1099, Guilherme X (pai de Leonor de Aquitânia) é duque da Aquitânia e a personagem mais influente da Europa do seu tempo.
A rivalidade entre as coroas francesa e inglesa conduz em 1337 à “Guerra dos 100 Anos”.
Durante a “Guerra dos 100 anos”, a França perde a favor da Inglaterra (1360) a Aquitânia (Guiana, Gasconha, Quercy, Rouergue, Limousin e Poitou) mas o condestável Du Guesclin consegue reconquistar aquele território (1370-1380), com excepção da Guiana.
Leonor de Aquitânia ou de Guiana (1122-1204), filha mais velha de Guilherme X duque da Aquitânia é herdeira do ducado em 1130 após a morte do seu irmão Guilherme.
Casou em primeiras núpcias com o rei de França Luís VII (Bordéus, 1130).
O ducado ficou independente da coroa e o eventual filho deste seu casamento acumularia o título de rei de França com o de duque da Aquitânia, ficando acordada a fusão entre os dois territórios apenas para a geração posterior.
É coroada rainha de França em 1137. Deste casamento nasceram duas filhas, Maria e Alix. O casal entra em rotura no seu regresso da 2ª cruzada. Por intervenção papal reconciliam-se. No entanto, o desentendimento persiste e, por vontade de Leonor, o casamento é anulado em 1152 sendo invocada a consanguinidade de 4º e 5ºgrau. Leonor regressa a Poitiers.
Oito semanas após a anulação do seu casamento casa em Poitiers com Henrique Plantageneta (apelido pessoal de Godofredo V, conde de Anjou e do Maine, casado com Matilde “a Imperatriz” - duquesa da Normandia, neta de Guilherme “o Conquistador”, de Malcom III da Escócia e filha e herdeira de Henrique I de Inglaterra), futuro Henrique II de Inglaterra.
Em 1154 é coroada rainha de Inglaterra com os títulos de duquesa da Normandia, duquesa da Aquitânia e condessa de Anjou, Maine e Poitou. Deste seu 2ºcasamento teve cinco filhos entre os quais Ricardo “Coração de Leão” e João “Sem Terra”, ambos reis de Inglaterra, respectivamente (1157-1199) e (1198-1216).