Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
Estratégias da manipulação
Todos os dias, ao lermos um jornal, ao vermos um noticiário ou um programa de informação na televisão (pública ou privada) somos os alvos de uma estratégia de manipulação ao serviço dos mais variados e diferentes interesses.
O tema não é novo embora só recentemente tenha tido dele conhecimento. Data de 2010 e figura num livro de Noam Chomsky intitulado “Estratégias da Manipulação Mediática”.
Chomsky é um filósofo, cientista e comentador político norte amaricano no MIT (Massachusets Institute of Technology) no qual é Professor Emeritus. Publicou mais de 100 livros e numa sondagem de 2005 foi eleito como “world´s top public intellectual”.
Eis, segundo Noam Chomsky, dez das estratégias de manipulação mediática:
1 – Estratégia da Distracção: com o objectivo de desviar a atenção dos problemas importantes e das decisões das élites políticas e económicas, mantém-se o público ocupado sem nenhum tempo para pensar. Técnica? Inundação de distracção e de informação sem importância (exemplos: futebol, telenovelas, programas da manhã, a previsão do futuro pela cartomancia e astrologia ao alcance de cada um).
2 – Estratégia da Criação e Solução de Problemas: criar no público a súplica, a ânsia de medidas que por ele sejam desejadas e aceites. Técnicas? Divulgar a violência urbana para que seja o público a exigir leis de segurança ou políticas em prejuízo da liberdade; criar crises económicas para que o povo aceite como mal necessário o retrocesso dos seus direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3 – Estratégia da Gradualidade: fazer com que mudanças radicais sejam gradualmente aceites sem revolta. Técnicas? Aplicar a conta-gotas, de um modo gradual e a longo prazo medidas objectiva e claramente inadmissíveis.
4 – Estratégia do Adiamento: provocar a aceitação de uma decisão impopular e apresentada como “dolorosa” e “necessária” mas apenas de aplicação futura. Técnica? Amanhã tudo será melhor e o sacrifício exigido pode ser hoje evitado; acostumar o cidadão à ideia da mudança para aceitá-la amanhã com resignação .
5 –Estratégia do Público Infantil: o povo não tem maturidade para analisar e discutir os graves problemas da comunidade; provocar nele reacções desprovidas de sentido crítico. Técnicas? Utilizar nos discursos argumentos e personaqgens particularmente infantis a roçar a debilidade mental.
6 – Estratégia do Emocional sobrepõe a Razão: neutralizar o sentido crítico.Tecnicas? Injectar desejos e medos; induzir comportamentos convenientes.
7 – Estratégia da Ignorância e da Mediocridade: criar a incapacidade de o público compreender a qualidade medíocre da informação prestada.
8 – Estratégia da Complacência pela Mediocridade: fazer com que a vulgaridade, a incultura, o desprezo pela intelectualidade, o culto do corpo sejam considerados pelo público como moda a seguir, a aplaudir.
9 – Estratégia do Sentimento de Culpabilidade: fazer crer ao indivíduo que ele é o único culpado pela sua desgraça por falta de inteligência, de capacidade ou de esforço.
10 – Estratégia da Intrusão: o sistema deve conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo se conhece; o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos.
Tudo isto não vos diz nada sobre o regime em que vivemos? Não? Tenho pena.
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A reestruturação da dívida
Hoje, dia 12 de Março de 2014, foi divulgado um manifesto subscrito por mais de 70 personalidades dos mais variados sectores políticos, desde o CDS ao BES, mau grado defenderem estratégias diferentes para responder à crise económica e social que afecta Portugal de modo gravoso e preocupante .
Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente é o apelo do Manifesto que sublinha que tal tarefa deve ser feita “no respeito das normas constitucionais” e “ocorrer no espaço institucional europeu”.
São apontados alguns números que caracterizam o problema português (no final de 2013: dívida pública de 129% do PIB, endividamento externo de 225% do PIB) e é referido o contragosto que um objectivo de reestruturação suscitará em instituições europeias, nomeadamente por parte dos responsáveis alemães.
A este respeito lembra factos que deveriam acordar consciências e moderar eventuais oposições. Assim, refere o Acordo de Londres sobre a Dívida Externa Alemã, de 27 de Fevereiro de 1953 (há 61 anos).
Por ele a dívida externa alemã foi parcialmente perdoada: a anterior à 2ª Guerra Mundial em 46% e a posterior em 52%.
Mais, do remanescente 17% ficaram a juro zero, 38% a juro de 2,5 % e os juros devidos desde 1934 (velhos de19 anos) foram igualmente perdoados. No passado mês de Dezembro, a Irlanda e Portugal foram aos mercados procurar 3 mil milhões de euros, as taxas a dez anos foram, respectivamente, de 3,5% e de 5,1%.
Mas o tratado não se ficou por aqui.
Foi acordado um período de carência de 5 anos e as responsabilidades futuras da Alemanha foram limitadas a 5% das suas exportações. Só após a reunificação da Alemanha foi efectuado o último pagamento da dívida alemã e isso 50 anos após o Acordo de Londres.
“Milagre económico alemão”? Milagre? Pois, mas não só e comentários para quê?
Quais as condições constantes no Manifesto para a reestruturação da dívida:
1ª Abaixamento da taxa média de juro;
2ª Alongamento dos prazos da dívida;
3ª Reestruturar a dívida pelo menos acima de 60% do PIB.
O cidadão eleitor achará, julgo, que são condições sensatas.
Há futuro para uma preparação da reestruturação da dívida portuguesa tendo em atenção a falta de consenso sobre a sua modalidade que caracteriza as posições políticas dos subscritores do Manifesto e a violenta oposição de organizações próximas do actual governo? E se sim, a Europa é una, como ficou provado em 1953 depois da mais sangrenta e destruidora guerra mundial provocada pela reincidente Alemanha, ou continuará a ser uma vergonhosa promiscuidade entre filhos e enteados?
Veremos.
E, já agora, o que é mais criticável: o “despesismo”, a “nonchalance”, a alegria de viver dos irresponsáveis “pigs” ou a disciplinada economia (?), o autoritarismo, a violência militar ou financeira dos que sempre quizeram ser os donos da Europa?
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A Sagrada Congregação
A Inquisição, cuja acção preencheu as páginas mais negras da Igreja Católica, data do século XII como resposta aos movimentos de oposição a um cristianismo cuja imagem era a da riqueza dos mosteiros e o luxo do clero.
O programa desses movimentos, dos quais se destacam os “Cátaros” (do grego katharoi: os puros) também designados por “Albigenses” (do nome da cidade francesa de Albi), tinha como mote: “pregação itinerante e pobreza apostólica”. Encontraram apoio sobretudo nas regiões mais desenvolvidas do sul da França e do norte e centro da Itália.
O Papa Inocêncio III ordenou uma cruzada contra os cátaros, militarmente comandada por Simon de Monfort, e nomeou seu delegado Arnaud de Amaury. No saque da cidade de Béziers, cátaros e católicos refugiaram-se na igreja local e quando Amaury foi questionado sobre como reconhecê-los respondeu "matai-os todos que Deus saberá distinguir uns dos outros".
Os “heréticos” depois de julgados pelas autoridades religiosas eram entregues ao poder secular para punição a qual era, em geral, a morte na fogueira ou, no mínimo, o corte da língua.
O papa Inocêncio IV autorizou a Inquisição a recorrer à tortura a fim de obter a confissão. Tendo hoje desaparecido as práticas ignominiosas do passado (já não há torturas nem fogueiras), aquele tribunal subsiste nos nossos dias após várias mudanças de nome.
Foi o Papa Paulo VI que lhe deu o nome que hoje tem: “A Sagrada Congregação para a Doutrina e da Fé”. Esta “sagrada congregação” continua a proceder, quando para tal é chamada, contra os mais elementares princípios da Justiça ocidental e da “Declaração Universal dos Direitos do Homem”.
De facto: o processo é secreto; os informadores permanecem no anonimato; as testemunhas e peritos não são interrogados pelas duas partes; os documentos do processo são confidenciais; os acusadores são simultaneamente juízes; não existe recurso para um tribunal independente; a única verdade é a da igreja católica.
O actual prefeito da “Sagrada Congregação” é o bispo Gerhard Ludwig Muller. De Novembro de 1981 a Abril de 2005 foi o cardeal Joseph Ratzinger. Nenhuma relação existe entre a mensagem de Jesus da Nazaré e este tribunal.
Pelo seu passado ele é um insulto ao Evangelho.
Ref.: “O Cristianismo” de Hans Kung (sacerdote católico, filósofo, teólogo, nomeado pelo Papa João XXIII como consultor para o Concílio Vaticano II, colega de Joseph Ratzinger.).
Em Portugal, D. Manuel I, para cumprir o acordo de casamento com Maria de Aragão, pediu para que fosse instituída a Inquisição em todas as regiões do Império Português (23 de Maio de 1536). Foi decretada uma lei que proibia a todos de apedrejarem, cuspirem, ou insultarem os réus e os condenados, contudo exceptuavam-se as crianças que apedrejavam de forma "desculpável". Pela bula Cum ad nihil magis, publicada em 22 de Outubro desse ano, a população era convidada a denunciar os casos de heresia de que tivesse conhecimento.
Em 1539 o cardeal D. Henrique, irmão de D. João III, tornou-se inquisidor geral do reino.
A Inquisição foi extinta gradualmente ao longo do século XVIII, mas só em 1821 as Cortes Gerais decretaram a sua extinção.