Nuvem do acaso
Quase nada de um pouco de tudo.
Ignorância e Confusiones
A ignorância é mais mortífera do que uma metralhadora.
A ignorância de alguns jornalistas os quais, infelizmente e graças aos meios de informação (dos quais se destacam os jornais e a televisão) são muitas vezes promotores de desinformação e de ignorância, estende-se à confusão de alguns professores catedráticos.
Quando era professor universitário lembrava aos meus alunos que eu “fazia” engenharia de estruturas mas que eventualmente me poderia ser aplicado o adágio “Quem sabe faz, quem não sabe ensina”.
Vem isto a propósito de dois trechos de artigos publicados nos jornais “Público” e “Expresso”.
Sobre eles li cópia das cartas enviadas pela minha irmã Maria Helena aos directores daquelas duas publicações e por achar que os seus conteúdos merecem uma maior divulgação resolvi reproduzi-los aqui.
"Um artigo de David Andrade no “Público” tinha o título "A meteorologia provocou estragos no Dakar 2017 mas não apagou o brilho de J-Rod". Ora acontece que a meteorologia, como ciência que estuda o clima, está inocente de quaisquer estragos no Dakar. O clima pode ser o culpado mas a meteorologia não."
"O colunista do Expresso João Duque inicia a sua coluna "Confusion de Confusiones" com a seguinte frase:
"Tudo indicava, afiançavam-me, que o ano de 2017 seria um ano inesquecível: ano a terminar em sete, esse número cabalístico, e com resto zero na prova dos nove!"."
Acontece que, matematicamente, a prova dos noves consiste em obter o resto da divisão de um número escrito na base decimal por nove. Demonstra-se que são iguais os restos das divisões de um número natural por 9 e da soma dos seus algarismos também por nove. Na prática e como qualquer aluno da 4ª classe do meu tempo sabe, este resto pode obter-se pela subtracção por 9 da soma dos algarismos que compõem esse número (“noves fora”…).
Assim, uma aplicação da prova dos nove ao algarismo “cabalístico” 7 é uma aberração matemática que conduziria ao número irracional 7/9 e nunca a um número inteiro e muito menos ao algarismo zero. Se aplicada ao número 2017 conduziria não a zero mas a um.
João Duque é Professor Catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão.
Ó Sr. Professor, francamente!